Abel Ferreira abordou o debate sobre os gramados no futebol brasileiro em uma coletiva após a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo-SP no Paulistão. O treinador se mostrou compreensivo quanto às queixas dos jogadores sobre o uso de grama sintética, mas destacou outros fatores que dificultam a manutenção de gramados naturais em boa condição no Brasil. A extensão do calendário e a falta de fiscalização são alguns dos principais obstáculos que ele apontou para o uso do gramado natural.
O tema ganhou força após o clássico entre Palmeiras e São Paulo, quando Luis Zubeldía fez críticas ao gramado sintético do Allianz Parque. Nas redes sociais, atletas renomados como Neymar, Thiago Silva, Dudu e Gabigol também se manifestaram sobre a preferência pelo futebol natural. Para eles, a grama sintética não é a ideal para a prática do esporte e compromete a qualidade do jogo.
Abel Ferreira se colocou no lugar dos jogadores, expressando a opinião de que a qualidade do gramado natural, como no Mundial, era superior ao melhor carpete que ele tem em casa. No entanto, ele reconhece que a realidade no Brasil torna a manutenção dos campos de futebol uma tarefa difícil. A falta de fiscalização e a sobrecarga de jogos complicam o cenário para que as condições ideais sejam mantidas.
O calendário apertado no futebol brasileiro contribui para o desgaste dos gramados naturais, algo que se torna praticamente impossível de ser mantido com a densidade de jogos. Abel Ferreira foi claro ao afirmar que a infraestrutura necessária para manter campos de qualidade simplesmente não existe no Brasil devido a essa alta demanda por partidas ao longo do ano.
Com relação às lesões causadas pela grama sintética, que foi um ponto levantado por alguns jogadores, Abel afirmou que não há uma base científica que prove que esse tipo de campo provoca mais lesões do que um gramado natural mal cuidado. Embora os jogadores possam sentir mais desconforto nas articulações, ele ressalta que a superfície sintética é mais uniforme, sem buracos, o que pode diminuir outros tipos de risco.
Além do Palmeiras, outros clubes no Brasil como o Botafogo, Athletico-PR e Atlético-MG também adotaram o gramado sintético em seus estádios. Essa tendência tem se expandido no país, especialmente devido às condições desafiadoras para manter campos naturais durante a temporada. A opção pelo piso sintético também foi adotada em estádios como Arena Barueri e Pacaembu, que passaram por reformas recentes.
Embora as vantagens do gramado sintético, como maior durabilidade e menor manutenção, sejam reconhecidas, a escolha tem gerado um grande debate sobre a qualidade do jogo e o impacto na saúde dos atletas. A crítica dos jogadores reflete a importância de ter um campo adequado para a prática de futebol, algo que, de acordo com Abel Ferreira, se tornou uma missão difícil no contexto brasileiro.
O treinador enfatiza que, enquanto o futebol brasileiro enfrentar esses desafios com os gramados, será difícil encontrar uma solução ideal. Apesar da falta de fiscalização e da sobrecarga do calendário, Abel Ferreira acredita que a evolução dos campos de futebol no Brasil deve ser uma prioridade, mas um equilíbrio precisa ser encontrado para atender às necessidades dos jogadores e da qualidade do esporte.