Como aponta Ediney Jara de Oliveira, empresas que continuam tratando emissões como assunto secundário arriscam ver portas se fechando justamente onde as melhores margens estão. A descarbonização da indústria deixou de ser tema restrito a relatórios técnicos e passou a determinar quem terá acesso aos mercados mais relevantes nas próximas décadas.
Países, blocos econômicos e grandes compradores já vinculam tarifas, preferência em contratos e linhas de financiamento ao desempenho climático de seus fornecedores. Se o objetivo é permanecer competitivo no comércio internacional, continue a leitura e veja que vale encarar a agenda de carbono como eixo estratégico, não apenas como obrigação regulatória.
Por que a indústria está no centro da agenda de descarbonização?
A indústria responde por parcela significativa das emissões globais, seja pelo uso intensivo de energia, seja por processos químicos que liberam gases de efeito estufa. Setores como siderurgia, cimento, química e papel e celulose já sofrem pressão de clientes, investidores e reguladores para reduzir sua pegada de carbono. Na visão de Edinei Jara de Oliveira, esse movimento se intensifica à medida que metas de neutralidade climática se tornam compromisso oficial de um número crescente de economias desenvolvidas.
A partir disso, cadeias inteiras começam a ser redesenhadas. Grandes marcas globais exigem relatórios detalhados de emissões, certificações e planos de transição de seus fornecedores. Quem não consegue comprovar avanços reais perde espaço em licitações, cadeias de suprimento premium e programas de financiamento atrelados a critérios ambientais.
Novas regras de comércio e mecanismos de ajuste de carbono
Além das escolhas de empresas privadas, políticas públicas de grandes blocos econômicos trazem mudanças concretas ao comércio internacional. Mecanismos de ajuste de carbono na fronteira, por exemplo, buscam equalizar a competitividade entre produtos fabricados sob regras ambientais mais rígidas e aqueles originados em países com exigências menos severas. De acordo com Ediney Jara de Oliveira, essa tendência reduz a vantagem de curto prazo de quem ignora a agenda climática e reforça a importância de investimentos em eficiência e tecnologias limpas.

Tarifas diferenciadas, exigência de inventários de emissões e critérios de sustentabilidade em acordos comerciais passam a fazer parte do cotidiano das operações de exportação. Empresas que dominam sua contabilidade de carbono, conhecem os principais pontos de emissão e já implementam projetos de redução chegam às mesas de negociação em posição mais favorável.
Tecnologias de descarbonização e competitividade industrial
A resposta da indústria passa por múltiplos caminhos: eficiência energética, substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis, eletrificação de processos, uso de hidrogênio de baixa emissão, captura e armazenamento de carbono, entre outras soluções. Segundo Edinei Jara de Oliveira, a escolha do portfólio tecnológico depende de cada setor, da matriz energética local e do acesso a financiamento de longo prazo.
Empresas que testam novas rotas produtivas, estabelecem parcerias com centros de pesquisa e participam de projetos-piloto ganham experiência antes que as exigências se tornem ainda mais rígidas. Dessa forma, reduzem custos futuros de adaptação e constroem reputação positiva junto a clientes internacionais que buscam fornecedores alinhados a metas de descarbonização.
Estratégia de longo prazo e oportunidades na nova economia de baixo carbono
Embora a agenda climática traga desafios relevantes, também abre oportunidades em produtos, serviços e modelos de negócio conectados à transição para uma economia de baixo carbono. Como pontua Ediney Jara de Oliveira, surgem nichos para insumos mais sustentáveis, soluções de eficiência, consultorias especializadas, certificadoras e plataformas de gestão de dados ambientais. Para a indústria que exporta, o caminho mais promissor está em integrar a descarbonização ao planejamento de longo prazo: definir metas claras, estruturar governança, mapear fontes de financiamento e envolver toda a cadeia de valor.
Autor: Lebedev Petrov



