Aldo Vendramin, empresário e fundador, apresenta que a intensificação de eventos extremos, como secas prolongadas, chuvas concentradas, ondas de calor e mudanças no regime de chuvas, torna a gestão de riscos climáticos uma prioridade absoluta para o produtor rural, 2026 tende a ser um ano em que planejamento e resiliência serão tão importantes quanto produtividade. Em um cenário em que o clima já não segue padrões históricos com a mesma previsibilidade, entender os riscos e estruturar respostas práticas é fundamental para proteger a safra, a renda e a sobrevivência do negócio no médio e longo prazo.
O produtor que se antecipa, diversifica estratégias e incorpora gestão de risco ao dia a dia da propriedade tem mais chances de atravessar períodos de instabilidade sem comprometer sua capacidade de investir e crescer. Investir em informação, tecnologias acessíveis e organização interna é um passo concreto para transformar incertezas climáticas em decisões mais seguras e orientadas por dados.
Entendendo os riscos climáticos que impactam a produção
O primeiro passo para gerir riscos climáticos é compreender quais fenômenos afetam diretamente a região e as culturas trabalhadas, explica o senhor Aldo Vendramin. Mudanças no volume e na distribuição das chuvas, variações de temperatura, ocorrência de geadas fora de época e eventos extremos, como enxurradas e vendavais, impactam o calendário de plantio, a germinação, o desenvolvimento das plantas e a colheita. Ignorar esses fatores significa assumir, sem perceber, um nível de risco muito maior do que o aceitável para a sustentabilidade do negócio.

Cada região apresenta um conjunto específico de vulnerabilidades. Em algumas áreas, a seca é a principal preocupação, em outras, o excesso de chuva e a dificuldade de escoamento da produção são os maiores desafios. Mapear quais eventos se repetem com maior frequência e intensidade permite que o produtor adapte seu planejamento à realidade local, em vez de basear suas decisões apenas em médias históricas que já não refletem o cenário atual.
Planejamento de safra e diversificação como ferramentas de proteção
Com o risco climático mapeado, o planejamento de safra ganha uma nova dimensão. A escolha de cultivares mais resistentes, a definição de janelas de plantio ajustadas à nova dinâmica de chuva e a adoção de práticas conservacionistas de solo tornam-se elementos centrais de uma estratégia de proteção. Em muitos casos, escalonar o plantio em diferentes datas reduz a chance de que um único evento extremo comprometa toda a área cultivada, diluindo o risco ao longo do tempo.
A diversificação também é uma ferramenta poderosa, isso porque, ao distribuir sua atuação entre culturas diferentes, sistemas de produção variados ou até mesmo entre regiões distintas, o produtor diminui a dependência de um único resultado. Se uma cultura sofrer mais com determinado evento climático, outra pode responder melhor naquele mesmo contexto, equilibrando o efeito geral sobre a renda da propriedade. Aldo Vendramin alude que essa visão de portfólio produtivo torna o negócio mais resiliente e preparado para enfrentar anos desafiadores.
Tecnologias de monitoramento, informação e tomada de decisão
O uso de tecnologia é um aliado direto na gestão de riscos climáticos, dado que as plataformas de previsão do tempo de maior precisão, aplicativos que acompanham índices de umidade do solo, temperatura e risco de pragas, além de sistemas de monitoramento via satélite, permitem que o produtor tome decisões com base em dados atualizados, e não apenas em percepções ou experiências passadas. Ferramentas de agricultura digital ajudam a identificar áreas mais vulneráveis da propriedade, orientando intervenções pontuais e mais eficientes.
Sensores, estações meteorológicas locais e integração com serviços de alerta climático ampliam a capacidade de reação a eventos críticos. Como destaca o senhor Aldo Vendramin, a informação deixou de ser um luxo e passou a ser um insumo essencial: quem acompanha de perto os indicadores climáticos consegue ajustar operações, antecipar ou postergar manejos e reduzir o impacto de fenômenos que, de outra forma, pegariam a propriedade de surpresa.
Gestão financeira e comercial alinhada ao risco climático
A gestão de riscos climáticos não se limita à parte agronômica, como elucida Aldo Vendramin, ela precisa estar conectada à gestão financeira e comercial da fazenda. Em anos de maior incerteza climática, é ainda mais importante avaliar o nível de endividamento, planejar o fluxo de caixa e evitar compromissos financeiros que dependam de uma única safra cheia para serem honrados. Trabalhar com margens de segurança e reservas estratégicas ajuda a enfrentar eventual quebra de produtividade sem comprometer a continuidade da atividade.
No campo comercial, ferramentas como contratos futuros, travas de preço e seguro rural ganham relevância. Elas não eliminam o risco, mas ajudam a limitar os impactos mais severos, garantindo um patamar mínimo de receita mesmo em cenários adversos. Ao combinar proteção climática com proteção de preços, o produtor constrói um “colchão de segurança” que reduz a vulnerabilidade a choques externos, sejam eles causados pelo tempo ou pelo mercado.
Construindo uma cultura de resiliência e sustentabilidade na propriedade
A gestão de riscos climáticos exige uma mudança de mentalidade dentro da fazenda. Em vez de tratar eventos extremos como algo excepcional e imprevisível, é preciso incorporá-los ao planejamento, considerando que situações de maior estresse climático tendem a se tornar mais frequentes. Isso implica envolver toda a equipe na compreensão das novas rotinas, no cuidado com o solo, na manutenção de áreas de preservação e na adoção de práticas que aumentem a capacidade de resposta da propriedade.
Tal como considera Aldo Vendramin, uma fazenda preparada para o clima do futuro é aquela que combina tecnologia, planejamento financeiro, manejo responsável e compromisso com a sustentabilidade. Ao cuidar melhor do solo, da água e da vegetação nativa, o produtor não apenas reduz sua vulnerabilidade, como também se alinha às exigências de mercados que valorizam cadeias produtivas mais limpas e resilientes. Em 2026, quem estiver à frente nessa agenda não apenas sobreviverá às incertezas, mas poderá transformar riscos em oportunidades de diferenciação e crescimento.
Autor: Lebedev Petrov



